quarta-feira, setembro 26, 2007
Mais filmes
Medos Privados em Lugares Públicos: Alain Resnais reaparece aos 85 em versão acessível, terna e simples. (mais)
O Vigarista do Ano: Lasse Hallström nunca mais fará outro Minha Vida de Cachorro, mas pelo menos oferece uma novidade mediana. (mais)
sexta-feira, setembro 21, 2007
Operação Mizoguchi
terça-feira, setembro 18, 2007
Rastros de Ódio
Acho que gosto mais até deste início do que do fim de Rastros de Ódio - Ethan vem direto do inferno, alma discreto, tendo de enfrentar tudo que ele abriu mão para viver a guerra. Triste que só. Essas referências de Tarantino mostram não somente uma mente cinéfila, mas um cara pleno de humanidade. Seus personagens, estilizados e cool como são, são cheios de vida. Meu filme preferido dele é Jackie Brown.
sexta-feira, setembro 14, 2007
Na idade da incerteza
- andei escrevendo também sobre Eu Os Declaro Marido e Larry!, mas texto tá fraco. Aliás, os dois textos ainda estão com piolhos de revisão.
sexta-feira, setembro 07, 2007
No dorso instável de um tigre
Uma das melhores coisas que aconteceu nessa semana comigo foi ler no blog que Fernando Meirelles dedica às filmagens de Blindness (adaptação do Ensaio Sobre a Cegueira, de Saramago) a descrição de um grande momento de emoção com Julianne Moore:
“O microfone de lapela da Julianne já estava ligado, pude ouvir pelo head-phone que, lá do outro lado do corredor, sozinha, ela se preparava respirando fortemente. Enquanto isso, preparávamos nosso lado: luz, câmera, figuração. Então ela começou a chorar e depois a chorar convulsivamente, até que um assistente entrou correndo onde estávamos e anunciou: 'A Julie está pronta e pede para rodarmos já'. Nós não estávamos prontos mas, nesta hora não interessa se a mesa não está posta ou se o vinho não foi aberto. Tem que rodar. E rodamos.”
Julianne, na primeira tomada está explodindo de emoção, e faz a cena acima do tom. Fernando filma e refilma, tentando ir moldando a paixão bruta que parece surgir Moore do absolutamente nada, até chegar ao ponto que quer.
Que mulher fascinante. Entre as grandes atrizes do cinema americano hoje (Meryl Streep, ainda, Samantha Morton, Jodie Foster, Cate Blanchett), ela e Kate Winslet são as mais deliberadamente emocionais, intensas. Não parecem ter medo da nota acima, vão sempre para a tela sem medo do excesso, sem a mínima vontade de se preservar. Têm o bom senso, claro, de escolher diretores capazes de extrair o melhor desse estilo de interpretação, e melhor, com ambições autorais que pedem esse tipo de aproximação do intérprete.
Com Julianne Moore, especificamente, há essa cena abaixo, de Magnólia... Há quem pense em exagero, mas não consigo pensar em nada mais adequado ao clima épico do filme e as verdades que estão sendo ditas. Para uma crítica que banaliza o termo “descer ao inferno”, difícil ver alguma performance do cinema recente em que um ator tenha chegado num nível tão alto de expressão da dor.
Lembra outro momento mágico de atuação do cinema americano, daquela que foi uma de suas maiores intérpretes: Jane Fonda, no final de A Noite Dos Desesperados. Onde está o dvd dessa obra-prima? Lembra também esse texto de Fernanda Torres para a Piauí de dezembro.
segunda-feira, setembro 03, 2007
Uma semana em cartaz
A propósito, aqui tem texto meu em Nacocó sobre Possuídos.
domingo, setembro 02, 2007
Mais Reparação
Gustavo me pergunta o que acho do Reparação, de Ian McEwan. É o tipo de coisa que lhe dá uma bela duma rasteira, por ser escrita com um classicismo sufocante, minimalista – e se revela estruturalmente uma cama de gato das mais escrotas. Arma toda esse prosa cristalina, clara, num esqueleto que joga toda a trama num fluxo temporal que é perfeito para esconder e mostrar o que a gente precisa saber em cada exato momento. E não é confuso. Confuso está o post.
É isso: o livro tem um plot já infernal (estupro, pedofilia, guerra), mas é a organização que amplifica o efeito no leitor (eu). São quatro partes: diferentes pontos de vista, não do mesmo acontecimento, mas de suas conseqüências em 50 anos, por aí. Principalmente ao final, McEwan leva o livro a um jogo de metalinguagem muito sofisticado, mas nunca exibicionista ou auto-importante. A metalinguagem é o molde da tragédia de Briony, a menina inteligente que queria ser escritora.
Nesse exato momento, voltei a McEwan e sua primeira indicação ao Booker Prize, Ao Deus Dará. Li pouco, ainda, mas já me parece produto da linha “Veneza Mórbida”. À exceção da belíssima comédia romântica – extremamente adulta e sincera – Summertime, de David Lean, minha memória da cidade italiana só inclui o terror angustiante de Nicolas Roeg¹, o desespero do olhar de Visconti-Mann² (não li o livro, mas imagino), a crueldade de Joseph Losey³, e principalmente, o jogo de poder e afeto de Henry James4.
1 – Inverno de Sangue em Veneza
2 – Morte em Veneza
3 – Eva
4 – As Asas da Pomba
(copyright do uso de notas de rodapé: Tiago A.)