Tudo bem que os jogos não passam ao vivo, o Jornal Nacional é de madrugada (e gravado), e os programas passam sempre com atraso, seja de um dia, como no caso das novelas, ou de uma semana ou mais (Video Show, Jô, Huck). Ainda assim, a Globo Internacional tem uma programação melhor que a da Globo regular, que vemos no Brasil.
O principal motivo para isso é o tamanho reduzido dos intervalos (menos anunciantes), o que causa uma necessidade de um número maior de programas, que vêm importados das tvs a cabo parceiras, como Multishow e GNT. Não que isso seja lá grande coisa, mas é melhor que a velha Sessão da Tarde. Sem contar que há a oportunidade de rever atrações que, no Brasil, não serão exibidas mais nunca.
Logo que cheguei aqui, o cartaz do Vale a Pena Ver de Novo era
O Cravo e a Rosa, definitivamente a melhor novela da Globo desde
Renascer, e último trabalho completo de Walter Avancini. Como as reprises de folhetim também passam no sábado, o Vale a Pena tem programação diferente do Brasil. Agora, ainda estamos vendo
Mulheres Apaixonadas, e com sorte, podemos ficar livres de
Senhora do Destino.
Sobre
Mulheres Apaixonadas em especial, a reprise está sendo uma grata surpresa. Quando vi no horário das oito, a novela não me parecia tão boa, especialmente por causa da chatice politicamente correta das "campanhas" de Manoel Carlos: respeito aos idosos, alcoolismo, mulheres que amam demais... E principalmente o primeiro passo sobrenatural da garota que vê o anjo da morte, situação patética que culminaria no fantasma que perturba Lilia Cabral em
Páginas da Vida.
Pois bem, isso tudo é chato, mas concentrar-se nisso nubla o fato de que o núcleo central da novela é realmente muito bom. Christiane Torloni foi muito criticada na época por sua Helena fraca, indecisa, claudicante, em oposição às mulheres mais fortes e carismáticas interpretadas por Regina Duarte, e principalmente, por Vera Fischer, inesperadamente firme em
Laços de Família.
A fraqueza projetada por Torloni, vejo agora era justamente a melhor coisa da novela. Temos uma Helena mais humana, vulnerável, falha, de composição muito mais próxima a um personagem de cinema do que das reduções típicas da tv brasileira. Helena empurra um casamento com a barriga, decide se separar sem muita convicção - excelente um capítulo inteiro dedicado a recaída dela com o personagem de Tony Ramos, Téo -, depois firma os pés e sabota deslealmente o relacionamento de seu antigo amor do passado, claro, o indefectível José Mayer. Torloni teve na mão a Helena mais difícil de defender, e saiu inteira, muito melhor do que a caricatura de perua que encara atualmente, na terrível
Caminho das Índias.
De resto,
Mulheres Apaixonadas tem a força agradável daquele vagar manoelino, uma escrita sem história quase sempre bem azeitada. Pouca coisa realmente acontece, além das polaróides cotidianas do classe média alta carioca. Que bom, enfim, que nos textos de Manoel Carlos não acontece "nada": ele transformou em constante e meio de expressão o pesadelo de todo telenovelista, a "barriga". Criou, numa tv cansada e repetitiva, algo mais ou menos original.
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Em registro totalmente oposto, o da intriga rocambolesca, a TV Pública de Angola exibe a também excelente
Força de um Desejo, de Gilberto Braga, com o último lampejo de magnetismo verdadeiro de Malu Mader, acompanhada de elenco afiadíssimo: Fábio Assunção, Cláudia Abreu, Marcelo Serrado, Reginaldo Faria, Selton Mello, uma surpreendente Lavíni Vlasak, e claro, a veneranda Nathália Thimberg.
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Atualmente a Globo Internacional reprisa uma das melhores minisséries da Globo nos anos 90,
Engraçadinha. Ontem passaram o capítulo da transa de Claudia Raia e Alexandre Borges na chuva. Algumas coisas de que me lembro muito dessa minissérie: a) direção inspirada, com câmera solta, na mão, por Denise Saraceni; b) uso perfeito da narração em off, especialmente a do personagem de Paulo Betti e seus pensamentos escrotos; c) Maria Luísa Mendonça genial no personagem homossexual mais forte já visto na tv brasileira, sem nenhum tique cômico.
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Não tenho paciência mas
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